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"É assim que se reage". Marcelo elogia medidas do Governo e UE perante "imprevisibilidade" de Trump

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: Ricardo Castelo - Lusa

Perante a incerteza e a "imprevisibilidade" da política norte-americana, o presidente da República elogiou as medidas anunciadas tanto pela União Europeia como pelo primeiro-ministro português. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que as respostas às tarifas aduaneiras aplicadas pelos Estados Unidos são "prudentes e cuidadosas" e permitem a Luís Montenegro "marcar alguns pontinhos" em período eleitoral.

Marcelo Rebelo de Sousa acredita que o mundo está a lidar com "um homem imprevísivel", depois de os Estados Unidos terem montado "uma ordem internacional (...) política e económica".

Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, essa ordem internacional começou a ser afetada.

"Politicamente mudou a posição americana em relação aos aliados, nomeadamente na Ucrânia", deu como exemplo o presidente da República aos jornalistas, quando abordado à porta da Universidade Fernando Pessoa, no Porto. "O grande adversário era a Federação Russa. Passou para árbitro. Deixou de jogar num dos lados, passou para árbitro"

"Deixou cair a Europa, passou a negociar diretamente com a Rússia, depois falou com a Ucrânia, pelo meio ainda hostilizou o Canadá e a Dinamarca - dois aliados - e portanto isso foi novo", continuou.

Todas as mudanças, com o mandato de Trump, são "uma surpresa contínua, porque os Estados Unidos não querem sair da NATO". Ao mesmo tempo, "querem tratar à parte da NATO a questão da Ucrânia e do entendimento com a Rússia".

Já no plano económico, recordou Marcelo, o que é novo é que os EUA "tinham ajudado a montar a Organização Mundial de Comércio para haver regras, para haver uma ordem económica" e "de repente, furam a ordem".

"Já tinham ensaiado um bocadinho na primeira Presidência Trump, mas agora é a furar generalizadamente", incluindo as tarifas e a quem as aplicar, referiu.

A notícia das alterações das taxas aduaneira "gerou uma primeira reação dos vários Estados por todo o mundo" que questionaram: "é uma mudança que corresponde a uma nova ordem que está a nascer, ou é apenas uma decisão tomada num certo momento para retirar benefícios diretos para os Estados Unidos da América?"

Para o presidente português já há "um começo de resposta: não é uma nova ordem, porque já avançaram e recuaram e avançaram e recuaram". 

"Não é uma nova ordem. É um aproveitamento de uma situação, a pensar no interesse americano, de acordo com a vontade do presidente americano".
E o primeiro efeito disto "é a chamada imprevisibilidade". 

"Quando é um homem a definir o destino do mundo, (...) o mundo deixa de ter regras, não sabe como há de funcionar, não há ordem", declarou. "De um dia para o outro muda tudo".

O outro efeito, segundo apontou Marcelo Rebelo de Sousa, é como os governos e as instituições reagem. Na opinião do presidente da República, Donald Trump é "muito marcado pela maneira de ser e pela vida dele", tendo "sido um homem de negócios toda a vida" e "um jogador".

"Paradas altas, vê como reagem e depois paradas baixas", comentou.
Reagir "com serenidade, sem pressa"

Por isso, o chefe de Estado considera que "fizeram bem todos" os que esperaram para ver antes de reagir às tarifas: "A União Europeia fez bem em reagir com serenidade, sem pressa, ponderadamente. E Portugal fez bem".
As medidas que foram anunciadas, frisou, "são prudentes, não foram rápidas, são cuidadosas porque estão a lidar com um homem que é imprevisível - não é um país que é imprevisível, é um homem que é imprevisível".
"Eu não escondo que isto é uma vantagem enorme aos governos em relação às oposições. Sobretudo quando se está em período eleitoral".

"A reação do primeiro-ministro foi certa. É evidente que ele está a marcar alguns pontinhos e a aproveitar para isso. Mas teria sempre de o fazer".
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Apesar de insistir que as medidas anunciadas hoje "objetivamente favorecem o Governo", Marcelo Rebelo de Sousa salientou, contudo, que o executivo tinha "de dar a sua palavra" como fez a União Europeia.

E, considerou ainda, que "perante uma realidade imprevisível, é assim que se reage".

"Onde é que isto vai parar?", questionou. "Normalmente, estas situações nunca acabam muito bem. Espera-se que haja o bom senso de gerir as situações para não acabarem mal".

Apesar de os Estados Unidos serem "um império", Marcelo Rebelo de Sousa não tem dúvidas de que "os impérios acabam". 

"Não há impérios que durem sempre".
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